domingo, 1 de maio de 2011

Clarice Lispector



Clarice Lispector

Escritora brasileira de origem ucraniana (10/12/1920-9/12/1977). Natural da cidade de Tchetchelnik, vem para o Brasil recém-nascida. Estabelece-se com a família no Recife, Pernambuco, onde passa toda a infância.

Em 1937 muda-se para o Rio de Janeiro. Estréia na literatura com o romance Perto do Coração Selvagem, com apenas 17 anos. Na época, o crítico Álvaro Lins identifica seu trabalho como dentro "do espírito e da técnica de Joyce e Virgínia Woolf".

Casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente em 1943 e vive fora do país, entre a Europa e os Estados Unidos, até 1959. Nesse ano se separa do marido e volta a morar no Rio com os filhos Pedro e Paulo.

Para sustentá-los, escreve contos para a revista Senhor e colabora em jornais. Nos livros A Maçã no Escuro (1961), A Paixão Segundo G.H. (1964), Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969) e A Hora da Estrela (1977) encontram-se características marcantes de seu estilo, como o emprego da metáfora insólita e a subjetividade do fluxo da consciência, que rompe com o enredo factual.

A narrativa revolucionária faz dela um dos nomes mais importantes da segunda fase do modernismo. É autora também de A Legião Estrangeira (1964), que reúne contos e crônicas. Tem dois romances, Um Sopro de Vida e Pulsações, publicados postumamente, em 1978. Morre no Rio de Janeiro. 


Aos meus amigos, um pequeno texto, muito real, verdadeiro, adequado ao meu momento:

“EU NÃO ENTENDO!
Por medo da loucura, renunciei à verdade.
Minhas idéias são inventadas.
Eu não me responsabilizo por elas.
O mais engraçado é que nunca aprendi a viver.
Eu não sei nada.
Só sei ir vivendo.
Eu tenho medo do ótimo e do superlativo.
Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás."

Clarice Lispector




Um sopro de vida

Não aguento muito tempo um sentimento
porque passo a ter angústia
e meu pensamento fica ocupado com o sentimento
e eu me desvencilho dele de qualquer jeito
para ganhar de novo a minha liberdade de espírito.

Sou livre para sentir. Quero ser livre para raciocinar.
Aspiro a uma fusão de corpo e alma.

Não consigo compreender para os outros.

Só na desordem de meus sentimentos é que compreendo
para mim mesma e é tão incompreensível o que eu sinto
que me calo e medito sobre o nada.

Clarice Lispector









Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector



"Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer nada por mim, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber, mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão, pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante."

Clarice Lispector





Minha força está na solidão.
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem de grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite.

Clarice Lispector